INTERTEXTUALIDADE UNIDADE 4 08/10/09
Iniciamos este encontro com uma definição de intertextualidade e trabalhamos com os exemplos desta com os textos de Gonçalves Dias e Murilo Mendes. Definimos a intertextualidade sendo um "diálogo" entre textos. Esse diálogo pressupõe um universo cultural muito amplo e complexo, pois implica na identificação e no reconhecimento de remissões a obras ou a trechos mais ou menos conhecidos. Dependendo da situação, a intertextualidade tem funções diferentes que dependem dos textos/ contextos em que ela é inserida. Evidentemente, o fenômeno da intertextualidade está ligado ao "conhecimento de mundo", que deve ser compartilhado, ou seja, comum ao produtor e ao receptor de textos. O diálogo pode ocorrer em diversas áreas do conhecimento,não se restringindo única e exclusivamente a textos literários, mas também em anúncios propagandas e outros.
Há exemplo da intertextualização,na publicidade, em um dos anúncios do Bom Bril, o ator se veste e se posiciona como se fosse a Mona Lisa de Leonardo da Vinci e cujo slogan era " Mon Bijou deixa sua roupa uma perfeita obra-prima". Esse enunciado sugere ao leitor que o produto anunciado deixa a roupa bem macia e mais perfumada, ou seja, uma verdadeira obra-prima (se referindo ao quadro de Da Vinci). Nesse caso pode-se dizer que a intertextualidade assume a função de não só persuadir o leitor como também de difundir a cultura, uma vez que se trata de uma relação com a arte (pintura, escultura, literatura etc).
Comentários ,comparações sempre retornamos à sala de aula, pensando na turma como ela produz os textos e/ou produzirá(...)
Nesta oficina os professores produziram textos a partir de fábulas apresentadas.( A LEBRE E A TARTARUGA, A CIGARRA E A FORMIGA ,A RAPOSA E CEGONHA,O LEÃO E O RATO, O RATO DO CAMPO E DA CIDADE, A ASSEMBLÉIA DOS RATINHOS E O CORVO E A RAPOSA de Esopo e Félix Maria Samaniego ).
Foi um momento muito bom, pois, é através da produção escrita que as idéias fluem,
Podendo criar muitas metodologias diferenciadas.
Também ,nota-se que há correspondência entre os dois textos. A paródia-piadista de Murilo Mendes é um exemplo de intertextualidade, uma vez que seu texto foi criado tomando como ponto de partida o texto de Gonçalves Dias. Na literatura, e até mesmo nas artes, a intertextualidade é persistente. Sabemos que todo texto, seja ele literário ou não, é oriundo de outro, seja direta ou indiretamente. Qualquer texto que se refere a assuntos abordados em outros textos é exemplo de intertextualização.
A Intertextualidade pode ser definida como um diálogo entre dois textos. Observe os dois textos abaixo e note como Murilo Mendes (século XX) faz referência ao texto de Gonçalves Dias (século XIX):
Canção do Exílio
"Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu’inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá." Gonçalves Dias
Canção do Exílio
Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações.gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosasmas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade!
Murilo Mendes